Lançamento do livro “Plantações Florestais”

28 de Novembro, 17h, no Salão Nobre do Instituto Superior de Agronomia

Portugal foi pioneiro na actividade de plantações florestais, remontando ao séc. XIII as primeiras acções de estabilização das dunas costeiras na região de Leiria.

Actualmente o abandono dos terrenos rurais, agravado pelo ciclo dramático dos fogos, cria a obrigatoriedade de encarar a arborização como o ponto de partida da gestão dos espaços florestais, enquadrada na recuperação ambiental, económica e social dos mesmos. Estas ações são condicionadas pelos cenários das alterações climáticas e conservação dos recursos naturais. O que poderá ser questionado são os modelos a utilizar e nunca a rearborização no espaço rural.

Nesta obra é feita a apresentação das técnicas e práticas de silvicultura que respeitam à criação de novos povoamentos florestais. Estas são uma ferramenta de trabalho que se enquadra no ordenamento do espaço rural português, condicionado por estar altamente fragmentado, e de mais de 95% deste ser privado. Estas condicionantes têm que ser revertidas com políticas de emparcelamento que promovam a viabilidade económica, social e ambiental dos projetos de ordenamento rural.

A penetração de conhecimentos técnicos não só ao nível da criação das florestas, mas da sua condução e exploração, tem-se realizado a ritmos lentos e intermitentes. A floresta é uma área produtiva de ciclo de longo prazo, isto é, entre o momento da instalação até ao seu termo podem decorrer dezenas de anos; portanto, um processo capital-intensivo e não de trabalho-intensivo, que deveria implicar maior presença e interesse.

O livro “Plantações Florestais” é da autoria de António Monteiro Alves (ISA), Maria Helena Almeida (CEF/ISA) e Armando Goes (Consultor Florestal da Navigator Company), três especialistas portugueses na área florestal.

Notas Biográficas dos Autores do Livro:

António Monteiro Alves

Engenheiro Silvicultor- 1956

Professor Emérito da Universidade Técnica de Lisboa (ISA) – 2002

A sua área de trabalho, quer na atividade académica quer profissional, em organismos públicos e na consultoria privada, foi essencialmente a da silvicultura e a da economia florestal, das suas técnicas, produtividade, planeamento, resultados económico-financeiros e ordenamento dos espaços florestais.

Participou, no início, no Plano de Fomento Suberícola-Direcção-Geral das Florestas/Junta Nacional da Cortiça.

Ingressado na atividade académica (1960-2000), dá conta da sua atividade científica e técnica, para além de algumas dezenas de artigos publicados em revistas e reuniões nacionais e internacionais, a edição de quatro principais livros. :Planeamento da Empresa Florestal (1966), Técnicas de Produção Florestal (1ª ed., 2ª ed., 1988), Dois Séculos da Floresta em Portugal (2000), Silvicultura – Gestão dos Ecossistemas Florestais (estes dois últimos, em coautoria).

Foi Presidente do Fundo de Fomento Florestal (1972-1974). Desempenhou as funções de Presidente do Conselho Diretivo (1979-1981) e do Conselho Científico (1985-1987) do Instituto Superior de Agronomia (UTL) e Vice-Reitor da Universidade Técnica de Lisboa (1987-2000). Foi primeiro Presidente da Sociedade Portuguesa de Ciências Florestais e é membro fundador da Academia de Engenharia.

Faleceu em Dezembro de 2015

Maria Helena Almeida

Engenheira silvicultora pelo Instituto Superior de Agronomia (ISA, 1977) e doutorada em Ciências Florestais pela Universidade Técnica de Lisboa (UTL, 1993). É Professora Associada no ISA, Departamento dos Recursos Naturais, Ambiente e Território (DRAT) da Universidade de Lisboa e investigadora do Centro de Estudos Florestais.

Iniciou a sua atividade profissional no sector de Plantas e Sementes do Fundo de Fomento Florestal. Tem desenvolvido investigação na área da Genética Florestal, em particular avaliando a variabilidade genética e adaptabilidade (tolerância ao frio e à secura), quer em espécies autóctone como o sobreiro o pinheiro bravo, quer em exóticas como o eucalipto e a criptoméria, contribuindo para o conhecimento do potencial de adaptação das espécies florestais às alterações climáticas. No domínio da Silvicultura, tem-se dedicado em especial, à área de repovoamento, com estudos no âmbito do processamento (colheita e conservação) de sementes e de produção de plantas, nomeadamente das técnicas de propagação de plantas e avaliação da sua qualidade, particularmente do sobreiro e de espécies ribeirinhas autóctones.

Na sequência da investigação respeitante ao armazenamento de semente de sobreiro e do seu impacto na qualidade das plantas foi co-autor da patente (103611-2008) relativa ao processamento e conservação da semente de sobreiro e recebeu o Prémio Florestal da Soporcel (1993) com o trabalho “Estudo da avaliação da variabilidade geográfica em Eucalyptus globulus Labill”

Membro do Conselho Consultivo do Instituto Europeu da Floresta Cultivada (2014-2018) coordenou o Grupo de Recursos Genéticos do Instituto Europeu da Floresta Cultivada (1994 – 2004). Desde 2010 é a Presidente da Mesa da Assembleia Geral da Sociedade Portuguesa de Ciências Florestais. É Membro do Painel Científico da Estratégia Nacional de Adaptação às Alterações Climáticas.

Armando Reis Goes

Engenheiro silvicultor (1977)

Consultor Florestal da Navigator Company

Tendo iniciado a sua atividade profissional no Fundo de Fomento Florestal (Ministério da Agricultura, 1977-79), desenvolveu predominantemente o seu trabalho integrado nas empresas de pasta de papel, nos vários domínios florestais, da arborização, exploração e gestão.

Trabalhou, nomeadamente, na Portucel Florestal – Empresa de Desenvolvimento Agro-Florestal, como responsável pela, Região Sul (60 000 hectares) (1984-91) e Director de Produção (160 000 hectares) (1992-200); na Portucel Empresa Produtora de Pasta de Papel), como Assessor da Administração (2000-2004); na Enerforest-Empresa de Biomassa para Energia- como Diretor de Produção (abastecimento de biomassa ao Grupo Portucel) (2005-2007).

Foi Diretor-Geral da CELPA (Associação da Indústria Papeleira) (2008-2016). Nesse período foi representante da CELPA no Centro de Biomassa e Energia, bem como membro do Association Director Group da Confederation of European Paper Industries, assim como representante no International Council Forest Paper Association.

Manteve contactos internacionais relevantes no sector florestal, com destaque para a participação nos programas de importação e madeira e análise de projetos florestais no Brasil, dentro da Portucel Florestal (1996-1998), e na análise de implementação de culturas florestais regadas em parceria com a indústria de celulose norte- americana (1996-1998); a participação no programa de recolha de sementes do Eucalyptus globulus (programa de melhoramento genético internacional), em parceria com os Serviços Florestais australianos.