Apesar da sua relevância ecológica, as florestas de amieiro têm experimentado um acentuado declínio em toda a sua área de distribuição, em consequência de diferentes ameaças:

  • pressões antrópicas
  • alterações hidroclimáticas
  • doenças emergentes

Consequentemente, o estado de conservação na maior parte da atual distribuição destas florestas na Europa não é favorável (representado na figura em laranja e vermelho). Por favor tenha em conta que o mapa foi feito com dados de 2007-2012, e que algumas regiões de Portugal podem ter mudado o estado pela recente expansão da doença; considere também que consideráveis diferenças entre alguns países podem dever-se a um distinto processamento dos dados).

Estado de conservação do habitat de A. glutinosa (análise de 2007-2012 relatado pelos estados da UE). Imagem de www.eunis.eea.europa.eu/

Pressões antropogénicas

As atividades antropogénicas que afetam as áreas ripícolas podem também ameaçar as florestas de amieiros, nomeadamente: a fragmentação, as alterações no uso do solo, as alterações hidromorfológicas, as atividades turísticas e recreativas ou a descarga de resíduos. Adicionalmente, a introdução de espécies exóticas com comportamento invasor em áreas ripícolas, como a Acacia dealbata ou o Arundo donax, pode ter consequências negativas para as florestas de amieiro quando se dispersam para as áreas ripícolas.

Cambio climático

Embora a ocorrência de um clima mais quente possa permitir a expansão da espécie para norte da sua atual distribuição geográfica, as variações no regime de precipitação podem também afetar negativamente os amieiros nalgumas partes da sua distribuição atual. Temperaturas mais elevadas e escassez de água podem interromper o fluxo de água em setores a montante com bacias de drenagem mais pequenas, ameaçando as populações de amieiro.

Doenças emergentes

O complexo oomiceta Phythophtora xalni é uma ameaça emergente observada pela primeira vez no Reino Unido durante os anos 90, expandindo-se amplamente nas bacias do Norte da Europa e devastando florestas nativas prioritárias na Europa. A linha da frente de avanço da doença encontra-se atualmente no centro de Portugal. É urgente a criação de uma estratégia para o tratamento desta ameaça devido aos impactos provocados no amieiro e noutras espécies florestais, assim como o elevado risco e vulnerabilidade dos ecossistemas ripícolas.

Phytophthora1
alni3

Na Europa os amieiros são suscetíveis de infecção por diversas espécies de Phytophthora , incluindo o complexo de três espécies chamado comummente Phytophthora alni (que inclui Phytophthora uniformis, Phytophthora xmultiformis e Phytophthora xalni, sendo a última a mais agressiva e um híbrido das outras duas) e Phytophthora plurivora. Os amieiros na Europa podem também ser potencialmente infetados por Phytophthora siskiyouensis (que já infeta Alnus cordata no Reino Unido e A. glutinosa na Austrália)

Países europeus onde o declíneo do amieiro foi reconhecido. Imagem de Bjelke et al., 2016

Phytophthora xalni infecta tipicamente as raízes, propagando-se depois pelo tronco, danificando os tecidos do floema e cambio vascular. A água é uma facilitadora do transporte deste oomiceta pois propicia a dispersão dos zoósporos de árvores infetadas para outras árvores. Consequentemente, a propagação da doença ocorre normalmente na direção jusante e as áreas a montante poderão potencialmente servir de refúgios à doença. Embora esta seja a via principal de dispersão do patógeno, pode também haver outros vetores (i.e. animais) que o possam dispersar para montante. O ciclo de vida do patógeno pode ser consultado aqui.

A patologia que Phytophthora xalni produz em A. glutinosa denomina-se declínio do amieiro, e é normalmente caracterizada pelos seguintes sintomas:

Small yellowish leaves

Declínio de ramagens

Necroses escuras na cortiça

A suscetibilidade do amieiro ao patógeno pode ser maior quando este é afetado por outras perturbações ambientais como a inundação prolongada. Além disso, as alterações globais podem influenciar a emergência do patógeno e a intensidade dos danos provocados. Os invernos mais quentes podem potenciar a sobrevivência de Phytophthora e por isso diminuir a recuperação das árvores. Porém, a variabilidade das árvores – tanto fenotípica (características observadas) como genética – pode beneficiar a resiliência a doenças, se as características necessárias forem hereditárias. Por isso, estudar a variabilidade fenotípica e genotípica de Alnus glutinosa na Europa pode ser crucial para encontrar populações tolerantes.