O PROJETO EXTREME ESTUDA A LIBERTAÇÃO DE VOLÁTEIS INFLAMÁVEIS DURANTE FOGOS CONTROLADOS NA ALBANY PINE BUSH PRESERVE
A explicação completa do comportamento extremo do fogo observado em alguns incêndios florestais deve incluir o efeito das altas concentrações locais de voláteis inflamáveis liberados pelas folhas expostas a altas temperaturas e/ou por produtos de combustão incompleta. Em condições específicas de combustível, topografia e vento, estes voláteis inflamáveis podem se misturar com o ar, atingir os limites de inflamabilidade e inflamar com uma intensidade muito alta criando situações explosivas.
Assim, a fim de compreender as condições específicas em que a liberação de voláteis pode contribuir para estes eventos extremos, o projeto EXTREME tem estado a realizar estudos de campo e laboratoriais com folhas de Pinus pinaster Aiton, Eucalyptus globulus Labill., Quercus suber L. e Quercus robur L., recolhidas em Sintra, e tem vindo a analisar dados de satélite de incêndios florestais em Portugal.
Para consolidar os estudos realizados, e para alargar os testes de campo com fogos experimentais, a equipa do projeto EXTREME contactou Neil Gifford, Conservation Directo da Albany Pine Bush Preserve, no Nordeste da América, dada a proximidade à empresa KASSAY, empresa que dispõe dos equipamentos necessários para a realização de medições de campos. Esta oportunidade foi ideal para realizar estes estudos, uma vez que o programa Albany Pine Bush Preserve inclui o uso de fogo prescrito para manter um ecossistema aberto de dunas com Pinus rigida Mill, permitindo assim a manutenção do tremoço-azul (Lupinus perennis L.), um hospedeiro da borboleta azul (Plebejus melissa samuelis Edwards), ameaçada de extinção.
Os membros da equipa do projeto, Francisco Castro Rego, Leónia Nunes, Cátia Magro e Oriana Gonçalves, juntamente com os gestores de fogo controlado da Albany Pine Bush Preserve, Tyler Briggs, Todd Compani e David Brickner, trabalharam em conjunto de 14 a 29 de maio de 2022. Com o apoio de Stephen Perry e Rob Crampton, da KASSAY, a equipa usou um espectrómetro especializado em campo aberto de infravermelho (OP-FTIR), capaz de examinar uma gama completa de voláteis libertados pela vegetação durante um fogo.
Durante a primeira semana, a equipa de investigação treinou com o equipamento OP-FTIR realizando medições pré-fogo, bem como testes experimentais de queima com ramos e agulhas de Pinus strobus L. e P. rigida. A segunda semana foi dedicada às medições durante os fogos controlados em quatro diferentes unidades de gestão do Albany Pine Bush Preserve: Dromedary, Dorsum, Cupcake e Asphalt. Os fogos controlados foram efetuados em diferentes tipos de combustível, topografia e vento criando uma diversidade de situações que enriqueceram o interesse dos resultados.
Os fogos controlados foram todos extremamente bem geridos com grande competência, organização e logística. O total apoio da equipa de gestão do fogo permitiu que a aquisição de dados fosse totalmente concluída, com grande eficiência.
A partir da análise preliminar, os dados indicam que compostos voláteis assim como os produtos de combustão incompleta, como monóxido de carbono e metano, estão presentes no fumo em quantidades significativas. Adicionalmente, e como um dos objetivos cruciais do projeto, os voláteis libertados como os monoterpenos α-pineno, β-pineno e limoneno, liberados pelas folhas, também foram detetados no fumo do fogo.
Além disso, análises de dados subsequentes e uma abordagem de modelação permitirão a integração dos diferentes componentes do projeto EXTREME, desde a química até o nível da paisagem. Um sistema de apoio à decisão usará as informações recolhidas em campo.
Financiamento e apoio:
Este trabalho foi financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), no âmbito do Projeto EXTREME “Influência dos VOCS (compostos orgânicos voláteis) no comportamento extremo dos incêndios florestais”, com a referência PCIF/GFC/0078/2018
Mais informações em:
Terça-Feira, 14 de Junho de 2022